domingo, 29 de julho de 2012

Sílvia Nazário e o Colar de Lollipops



Há coisas que não consigo entender. Uma delas é a razão porque a Sílvia Nazário não é uma vedeta internacional. Tem tudo, e muito mais, para o ser, menos o vedetismo. Ontem, mais uma vez, no BeJazz o provou, e já não tem que provar nada a ninguém. Ela, Cláudio Kumar na viola acústica, e o convidado Francisco Andrade no sax (o BeJazz tem destas surpresas, há sempre lugar para mais um e o "povo" agradece) fizeram mais uma noite inesquecível de Bossa Nova.
Já não me lembro bem se foi o Vinicius ou o Tom Jobim, mas foi ainda nos anos 60 e era ainda muito miúdo, que "explicou", na televisão, o fenómeno "Bossa Nova" desenhando um camelo com três bossas, a última era a "Bossa Nova".
 E é sim senhor, "nova" para sempre com intérpretes como a grande Sílvia Nazário que ontem envergava um lindíssimo colar de "Lollipops".

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Hermano Honrado Saraiva





E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando

                  Camões, Os Lusíadas, Canto I


Morreu aos 92 anos, o Professor José Hermano Saraiva, irmão do grande António José Saraiva (e, já agora, tio do arquitecto Saraiva, o auto-proclamado inventor dos jornais em saco de plástico). Conheci-o pessoalmente nos idos de 79 quando dava aulas (nessa altura era o que os professores faziam) no Liceu D. Dinis, a Chelas, e ele foi lá fazer uma Conferência, inevitavelmente sobre História de Portugal, acabando por me dar boleia num velho carocha para o Terreiro do Paço, que lhe ficava em caminho, pois morava no Restelo. Eu, um anti-fascista encartado, com expulsão por razões políticas do Liceu D. João de Castro em 72, tinha uma excelente impressão das suas charlas televisivas, (e não era só eu, um dos críticos mais temidos e verrinosos, o "comuníssimo" Mário Castrim, a quem até chamavam o "Sectário Geral", também, com razão, o incensava) estava um pouco constrangido por estar ali a sós com o Ministro da Educação (foi mesmo o único professor do Secundário a chegar ao cargo) de Salazar que protagonizara pela negativa a "Crise Académica de 69" em Coimbra, marcada pelo célebre pedido da palavra do então Presidente da Associação Académica, hoje dirigente socialista, Alberto Martins e pela repressão que se lhe seguiu. Mas durante o trajecto tive oportunidade de trocar impressões com um homem encantador, de um discurso solto e mordaz, com um grande sentido de humor e uma enorme largueza de vistas. Se já era seu admirador, ainda fiquei mais.
Continuei a assistir, com grande e divertida assiduidade, às várias séries de programas televisivos de divulgação da lusa história em que era insuperável, quer pelo suspense que criava em cada episódio, quer pelas teses, no mínimo, "heterodoxas", que ia aventado  (como a que lhe acarretou a proscrição em Guimarães por ter posto em causa, em favor de Coimbra, o seu estatuto de  primeira capital do reino) e até por algumas gaffes divertidíssimas que em pessoas com o seu charme, são perfeitamente desculpáveis, como aquela da "Piscina de D. Afonso Henriques" em que o Professor, a partir de uma antiquíssima piscina termal perto de S. Pedro do Sul, aventa a hipótese, que dá por factual, de ter sido neste balneário que D. Afonso Henriques e os seus mais dilectos validos retemperavam forças depois dos combates da Conquista, posto o que jantavam "uns capõezinhos assados no forno com batatinhas aloiradas, regados com um belíssimo tinto de Lafões". Passem as "batatinhas" no século XII, deve ter sido mais ou menos assim. Também se conta a estória de um confronto em Tribunal com o causídico da parte contrária, Hermano Saraiva também era advogado, e de este se lhe ter referido como: "Ali o meu colega, Dr. José Honrado Saraiva". Ao que ele terá dito: "Não sou Honrado" e o outro respondido: "Isso já nós sabíamos". Mas era, sim senhor.
Conhecendo o seu passado não pude deixar de verificar uma espécie de transfiguração política quando ele que foi  fazer programas praticamente a partir de todas as cidades e vilas do País e até a muitas das antigas colónias, tinha o poder de transformar qualquer lugarejo numa importantíssima metrópole, desafiando a própria imagem e conseguindo sobrepor-lhe a pujança da palavra dita. Sendo quase sempre o único a falar, excepção feita ao seu tio e padrinho, José Hermano Baptista, então com 107 anos, sobrevivente da Batalha de La Lys. Vindo ao Barreiro e ao Seixal, ao falar do passado industrial e das lutas operárias foi mais radical que Álvaro Cunhal (que no discurso nunca o era) e o camarada Jerónimo juntos e ao vivo, na condenação do Capitalismo, da exploração e da repressão da classe operária e do povo trabalhador.
Aliás, uma das suas entrevistas mais sugestivas é aquela em que confessa:
"Socialistas em Portugal só conheci um - o Doutor Salazar. Também gosto muito do doutor Mário Soares, mas é por outros motivos".

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O Meu Pé de Liamba Lima (ou o Bloco Regressa à Freakalhada)






O Bloco de Esquerda, depois de uma mal sucedida incursão pelo "obreirismo" (afinal PC há só um,  o do Jerónimo e mais nenhum),  decidiu voltar onde nunca deveria ter saído - às causas "fracturantes". Ora, para esse intento nada melhor do que atacar por aquelas "cenas" que quase todo o mundo faz, mas quase ninguém admite, até ao ridículo do "ponto" Clinton  assumir que "fumou erva mas não inalou". Mas esse também chegou a dizer que a mancha que apareceu no vestido da Lewinsky não tinha sido em consequência de nada que metesse sexo. Falo de uma proposta de legalização do consumo e produção em pequena escala (afinal o Bloco é contra os latifúndios, e contra as touradas em todo o lado menos em Salvaterra) de cannabis, vulgo "erva" (liamba, seruma, maconha, marijuana, boi, ganja e outros sinónimos). Quem melhor que o ilustre clínico e deputado do Bloco, Dr. João Semedo para apresentar a proposta de legalização do consumo social e em "clubes" dedicados, do cannabis e do seu cultivo para uso próprio (e das amigas e amigos, claro), de um máximo de dez pés por cabeça (as "cabeças" quando estalam é do melhor).
Lembro-me do seu cultivo clandestino em vasos na varanda ou no quintal da avó; lembro-me de um pé enorme, com mais de dois metros, espantarrado num canteiro em frente à PSP, que só foi descoberto e arrancado por um polícia retornado das Áfricas. Lembro-me de um amigo estudante de agronomia que sabia produzi-lo das melhores castas, secá-lo no forno, só não o podia fumar porque começava a dizer que "estava morto" e a sentir-se como tal, para grande susto do resto da  maralha. Havia quem o desse em chá às avós octogenárias e elas queriam sempre mais daquele cházinho milagroso; havia quem o oferecesse às mães como um banal cigarro e elas no dia seguinte diziam: "Ouve cá, dispensa-me lá mais um daquela marca tão boa que andas agora a fumar"; havia quem o soprasse no focinho de cães e gatos e se divertisse a vê-los subir escadas a cambalear e  a "voar" contra as paredes...
Tudo na  longa noite da clandestinidade.
Ouçam lá, oh people do Bloco, não me digam que se esqueceram do hash, o sushi de cannabis, o cannabis em versão fast smoke. Não é que goste, mas dizem que é mais prático (mas muito menos "vintage", digo eu).

domingo, 15 de julho de 2012

Voluntários À Força





Deixa ver se entendi - o Ministro "Lambreta" Soares vai tornar obrigatória a prestação de quinze horas semanais, distribuídas por máximo de três  dias (os outros são destinados à procura "activa" de emprego) de trabalho voluntário (?!?!?!) para todos os beneficiários do Rendimento Social de Inserção excepto os que tenham crianças, idosos ou deficientes a cargo, ou estejam em más condições de saúde.
Ou seja todos, excepto quase todos, voluntários à força.
A demagogia rasteira tem coisas do arco da velha.

sábado, 14 de julho de 2012

Afinal Havia Outro




"Bem prega Frei Tomás... faz como ele diz, mas não faças como ele faz"...


Há um dichote antigo de Almeida Garrett, do tempo do "Liberalismo", que reza assim:
- “Foge, cão, que te fazem barão. Para onde? Se me fazem visconde".
No tempo do "Neo-liberalismo" (à portuguesa, claro) lê-se:
- "Foge desgraçado que te fazem licenciado" !!!


Black Friday






Esta sexta-feira, dia 13, foi mesmo um dia aziago  para os professores portugueses, que estão a viver um período de terror, com a agravante de não ser filme.
E não há esconjuro, nem do Padre Fontes, que nos valha !!!!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

PAP(alvos)

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Ontem fui almoçar, a uma daquelas novas "cantinas sociais", os selfs dos shoppings, onde por 6.99 se consegue comer uma refeição quase verdadeira, sentado numa esplanada verdadeiramente  falsa (daquelas interiores).
Quando, eu e a minha mulher, chegámos com os tabuleiros para nos sentarmos na tal "praça de restauração", encontrámos uns colegas de uma escola do Barreiro, de grande tradição técnica, justamente nas áreas desses colegas. Com eles estava um indivíduo que reconheci como o vigarista que defraudou, há uns anos, o condomínio em que moro, "vendendo-lhe" umas novas e avançadíssimas bombas hidropressoras (acho que é assim que se chamam, não sou da especialidade) pela módica quantia de 900 contos (foi ainda antes da "Quimera do Euro"), tendo recebido 450 milenas à cabeça, e tendo-se posteriormente "esquecido" de instalar as referidas bombas, desaparecendo de cena, dando "baixa" da "empresa" de que era titular, descaracterizando grosseiramente (pintando um borrão branco por cima do logótipo) a viatura da dita cuja, deixando de atender telefones, quer fixos, quer móveis, e "mudando" de residência para "alhures". Surpreendido por ver o moinante engravatado a perorar sobre "energias renováveis" e "mercado de trabalho" com os colegas, para não dar alarde (que foi o que me apeteceu fazer), esperei que um deles se levantasse para ir buscar café e perguntei-lhe se o dito cujo era também formador lá na escola, (era só mesmo o que faltava, mas tudo é possível, já que o homem se intitulava "engenheiro". Mas como não é o único...).
O colega respondeu que era um "empresário" e "técnico", "especialista" em "Hidráulica" e "Energias Renováveis" que a escola tinha convidado para fazer parte do júri das PAPs (Provas de Aptidão Profissional) dos alunos dos Cursos Profissionais.
Expliquei ao meu colega que de "Hidráulica" o tipo sabia muito bem "levar a água ao seu moinho" e de "Renováveis" era especialista em ir "renovando" a sua conta bancária à custa dos otários e, pelos vistos, dos PAP(alvos).
É transversal e de alto a baixo na sociedade portuguesa - assim como se fosse atribuída ao Relvas a cátedra de "Ética e Deontologia" que daria com base na "tese" que lhe granjeou um brilhante 18, numa das poucas cadeiras em que não teve reconhecimento de competências, precisamente "Introdução ao Pensamento Contemporâneo" que, em consonância com o seu único propósito pessoal de "alargar incessantemente os horizontes do Conhecimento" (e, já agora, dos "conhecimentos"), muito na linha daquela "sucessão sucessiva de sucessos, que se sucedem sucessivamente sem cessar", teria como título "Meditações Kantianas - Subsídios a Fundo Perdido para uma Interpretação Neo-liberal da Doutrina do Imperativo Categórico" uma, sem dúvida, inovadora abordagem de uma Teoria da Razão mais do que Prática, ou em alternativa, (podem acumular, em Portugal tudo é "normal"), a cátedra de Direito Bancário e Financeiro ao Vale e Azevedo que a daria pela "sebenta" do Alves dos Reis.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

The Rolling Fifty









Passa hoje meio século sobre a primeira exibição ao vivo dos Rolling Stones que anda aí estão "on the road". Com idade de sobreviventes (tiveram nos "verdes anos", já no estrelato, uma importante "baixa") e por todos os "maus hábitos" de que têm fama (resta saber se "proveito"?) deviam estar a "cair da tripeça". Mas não, parece que  ainda aí  estão  para as curvas.
O meu tema preferido é o que vai em epígrafe,  a recordação dos pulos que dei (e, quando consigo, ainda dou e sou uns aninhos mais "jovem" do que os "bichos") ao ouvi-lo, continua a reconfortar-me a alma e a exercitar-me as "dobradiças".  Também gosto muito do "I Can Get No" que, aliás, tem uma sonoridade semelhante e, como tudo o que tocam, uma batida inconfundível.
They spent the last fifty years, and who knows how many more,  giving us SATISFACTION!!!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O Leal Gavião









Um amigo meu, médico, comparou este tipo ao Humtpty Dumpty. Dá ares, sem dúvida. Sinceramente, acho-o mais parecido com o Professor Gavião. Lembram-se? Aquele que andava sempre a chatear a molécula ao Professor Pardal e a quem o Lampadinha arranjava sempre maneira de tratar da pavana.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Só Me Saem Duques e Cenas Tristes









Então não é que os próceres da Troika e do Governo  Steps Rabbit/Doctor Grasses, que ainda há pouco, há poucochinho, juravam que nem uma agulha bulia nas "reformas" cá do "cantinho", agora se esticam a pedir mais tempo para o "ajustamento" (e, a seu tempo, mais dinheiro, claro).
Só me saem "duques" e "frasquilhos" de perfume espanhol (daquele "marado", tipo "Tabu" e "Maderas de Oriente", o chamado "p. de p.").

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O Sr. Saraiva e os Temores da "Privada"




O Sr. António Saraiva (este parece que ainda não se "licenciou"), Presidente da CIP, comentou as palavras do Primeiro-ministro face ao Acórdão do Tribunal Constitucional que se decidiu pela inconstitucionalidade (mas só para o ano) do corte dos subsídios apenas ao Sector Público e aos Pensionistas (com as excepções do costume), considerando que esta reacção foi "extemporânea" e "algo excessiva", até porque a "privada" não aguenta mais impostos.
A "privada", então não é isso que os brasileiros chamam às retretes?!
Esteja descansado "mestre" Saraiva, que não chegarão a tal. Faça lá o "serviço" (como dizia o meu bisavô)  à vontade, que ninguém o irá incomodar enquanto lá estiver, mesmo que seja numa "privada" pública (tem é que ter cuidado com os germes).

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Portugal Surreal




Não é apenas Surreal, é mesmo "Dadá", o Governo dos "doutores da mula ruça" entende que a melhor forma de cumprir o Acórdão do Tribunal Constitucional que declarou a inconstitucionalidade dos cortes dos subsídios de Férias e de Natal aos Funcionários Públicos e Pensionistas, não é restituir um a quem já "ardeu" - "Eh pá, já está, já está. É quê? Ilegal... Paciência pá. Agora não pode ser nada. Pronto, não se fala mais nisso." - mas cortar o outro a toda a gente.  
Deve ser por "inutilidade superveniente". É, sem dúvida,  o "coitus interruptus" da legalidade  e, como de costume, faz de tudo isto uma verdadeira "ópera bufa". Não fossem as consequências e só podia ser paródia.
São mesmo, mesmo, danados para a "brincadeira"!
Em Portugal é sempre Carnaval e nunca ninguém leva a mal...

terça-feira, 3 de julho de 2012

O Eterno Retorno






Se dúvidas houvesse que o "bom filho à casa torna", aí estaria José Manuel "Forget About the Durão" Barroso para o provar. Então não é que o Presidente da Comissão Europeia está a reviver os seus tempos de "m-l-m" (marxista-leninista-maoísta") e se está a atirar aos Bancos como gato a bofe? Nestas coisas, como disse o Grande Presidente Mao (Zedong ou Tsé Tung, conforme as opções ortográficas mesmo de quem não percebe patavina de chinês - mandarim, cantonês ou "família feliz"): "Não importa se o gato é branco ou é preto. O que interessa é que apanhe ratos".
Ele foi nos States quando lembrou que esta crise teve origem por lá, no "subprime", e foi de lá exportada. Ele é agora e a propósito de mais um escândalo, o do Barclays, na enérgica (ou "energética", como agora se diz, talvez por abuso de "Redbull") diatribe anti-capitalista :"Os Bancos continuam com práticas pouco ortodoxas"!
Isso porque "ortodoxo" só há um, o "camarada" Durão Barroso e mais nenhum!!!

"M R Pum Pum,
Sejamos chineses,
Porque os moscovitas, 
São uns parasitas,
Uns trastes burgueses"...

Cantilena dos anos 70 em "honra" de Lin Piao (ou Biao ou o raio que o parta, lá estão outra vez as questões sino-ortográficas) e do que viria a ser conhecido como o "Bando dos Quatro", facção de que era afim a "radical pequeno-burguesa de fachada socialista" em que militava o  "nosso" Zé Manel.
É que o homem anda mesmo assanhado!!!